Do jejum ao thoughtware

Joana André Matias Ribeiro

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Nas minhas práticas matinais, estou a ler um livro sobre jejum, O poder transformador do Jejum, do André Amorim e todo o livro me tem trazido reflexões enormes sobre as minhas crenças e as crenças instaladas pela Cultura Moderna.

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Este livro daria para escrever muitos artigos, mas o que trago neste artigo é sobre como na Cultura Moderna se estabeleceram tantas formas de anestesiamento, que para voltarmos a ter Clareza e reclamarmos a nossa Autoridade precisamos de questionar todas as nossas crenças. O que acontece quando estamos doentes? (Falo do nosso corpo físico.) Ficamos naturalmente sem fome. E porquê? Porque o nosso corpo físico tem uma inteligência, é formado por vários sistemas e para dar todo o gás ao sistema imunitário, precisa dar um descanso aos outros que não são tão importantes, como é o caso do sistema digestivo. E qual a resposta padrão de um ser humano dentro da sua Caixa quando adoece? É tomar um anti-qualquer coisa. Seja um anti-inflamatório, seja um anti-histamínico, seja um anti-biótico, seja um anti-viral. E essa resposta padrão faz o quê? Isso mesmo. Anestesia a pessoa, tira os sintomas e não deixa o nosso corpo físico responder com a sua inteligência de cura.

E porque estamos muitas vezes na espiral descendente do anti-alguma coisa, na luta, na escassez ( ou o que chamamos de drama baixo no Possibility Management) essa energia que gastamos não pode servir para criar novas possibilidades, para estarmos pro-alguma coisa. Eu e o Matheus começamos a alguns anos a fazer Kombucha. No início não sabia muito bem que o modo de fermentação natural da Kombucha nos daria probióticos, mas a palavra probióticos me chamou a atenção. Então se antibióticos são usados na Cultura Moderna quando estamos doentes — na fase de doença visível — os probióticos servem na Próxima Cultura para prevenção da doença, na fase invisível. Ora através do jejum o corpo pode ter imensos benefícios, inclusive quando estamos doentes, o corpo pode recuperar totalmente a sua vitalidade. Mas porque não concebemos isso assim?

Porque o jejum vai ao nosso medo mais primata de morrer à fome. Mas o que vemos é uma Cultura Moderna que morre por comer demais. Ou por comer mal. Ou por não saber o que é nutrição para o nosso corpo físico e se alimentar para anestesiar suas emoções. Nesse livro, André Amorim fala de como fomos dotados dessa ferramenta poderosa do jejum, tais como outros animais, como forma de vivermos em tempos de escassez. Antigamente não havia a quantidade de alimentos processados como hoje. E vivíamos mais alinhados com as estações do ano, com os alimentos que a Terra dava. E assim como há períodos de abundância (Verão | Litha ) também há períodos de escassez (Inverno | Yule) . E não há nenhum melhor que o outro, ou um certo e outro errado.

O que está por trás desse thoughware? Que se fizermos jejum morremos à fome? E porque procuramos alegria instantânea e negamos a tristeza, o medo e a raiva? Porque temos tanta aversão ao desconforto? Porque queremos tudo já, agora, sem esperar um corpo se restabelecer de forma natural, um pão fermentar de forma natural, uma árvore crescer e dar seus frutos de forma natural? Hoje em dia nem os animais são criados de forma natural!

Porque estamos ao serviço (de forma inconsciente) da Cultura Moderna que produz “adultos” que não são adultos na realidade pois não assumem sua responsabilidade no que eles próprios estão a criar, ou diria, a destruir.

Não pensamos que cada ato de anestesia, de compra desenfreada na velocidade do instante, seja pela Amazon Now ou pela Uber Eats, que isso tem um custo que todos nós estamos a pagar. Seja pelo plástico que não se decompõe em menos de 400 anos aqui na Terra, seja pelo carbono que os veículos emitem na atmosfera, seja pelo outro ser humano que não está a ser pago devidamente pelo seu trabalho ou ainda pelos animais que muitas vezes são usados e maltratados para nosso bel prazer. Quem no seu estado de adulto e de não dormência aceitaria tais situações?

A grande pergunta é, porque deixamos que isso aconteça? Que memes e thoughtware estão por detrás disso tudo?

Estamos numa Cultura Moderna que é infantil na forma como atua no mundo, como se relaciona com o planeta. Somos crianças mimadas, que não integramos e transcendemos tantas experiências traumáticas do passado e que viveram e vivem anestesiadas através de comida, de trabalho, de medicamentos, atrás de um ecrã, ao serviço da destruição do planeta, a nossa grande casa. Nossa Mãe, Gaia.

E tudo por um instante de alívio da dor, de um prazer imediato sem descobrir o que é ser verdadeiramente pleno e íntegro a viver uma vida extraordinária, onde nada é certo, onde tudo se transforma e onde a evolução pacífica é substituída pela revolução com armas. Onde somos pro-vida e não anti-alguma coisa.

No final, a pergunta que faço para o teu SER é: que resultados conscientes ou inconscientes estás a criar à tua volta? E como queres viver a partir de AGORA?

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